Os dias estão cada vez mais longos graças às mudanças climáticas

A recente descoberta científica, publicada no Anais da Academia Nacional de Ciências, trouxe à luz informações inquietantes sobre como as ações humanas estão afetando nosso planeta. A pesquisa destaca um fenômeno pouco conhecido: o aquecimento global está desacelerando a rotação da Terra, resultando em um aumento minucioso, porém significativo, na duração dos dias.

O estudo, coordenado pelo geofísico Surendra Adhikari, da NASA, e pelo professor Benedikt Soja, da ETH Zurich, analisou o período entre 1900 e 2100, usando modelos climáticos e dados observacionais. Esta análise revelou que as mudanças climáticas estão tendo um impacto notável na rotação do planeta, algo que poderia ter grandes implicações para o nosso sistema de tempo e tecnologia.

De acordo com a pesquisa, à medida que as temperaturas globais aumentam, as camadas de gelo nos polos derretem, e a água resultante flui em direção ao equador. Esse realocamento de massa altera a forma da Terra, achatando ligeiramente os polos e ampliando o bulbo equatorial do planeta, o que resulta na desaceleração de sua rotação.

Influência das geleiras derretidas na duração do dia

Historicamente, o efeito das mudanças climáticas na engenharia do tempo era eclipsado pelas forças gravitacionais da Lua sobre nosso planeta. No entanto, os resultados deste novo estudo apontam que, se as emissões de gases do efeito estufa continuarem a crescer, o aquecimento global pode em breve se tornar o maior influenciador no tempo de rotação do planeta. Com a aceleração da perda de gelo, espera-se que até o final do século XXI, o dia na Terra possa ficar até 2,62 milissegundos mais longo.

Possíveis consequências desta mudança

O impacto de milissegundos pode parecer insignificante, mas em uma era dominada pela alta tecnologia, essa pequena mudança é crítica. Pode afetar sistemas cruciais nos quais confiamos diariamente, como o GPS e outras tecnologias de navegação que dependem de medições de tempo extremamente precisas. Essas tecnologias usam o tempo atômico, que, embora baseie-se na frequência de átomos, ainda precisa ser sincronizado com a rotação da Terra, adicionando complicações como a necessidade de segundos bissextos.

A adição de milissegundos no cálculo de tempo pode, potencialmente, interferir na precisão de nossas coordenações e comunicações. Uma pesquisa posteriormente ligou essa alteração na duração do dia ao aumento na atividade sísmica, embora essa correlação ainda necessite de mais estudo para confirmação.