O mundo pode estar prestes a enfrentar uma nova pandemia após 15 países serem atingidos por superbactéria

A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta global sobre a Klebsiella pneumoniae, uma superbactéria hipervirulenta que foi identificada recentemente em 16 países, como Reino Unido e Estados Unidos. Esta bactéria, que apresenta resistência a todos os antibióticos disponíveis, constitui uma séria ameaça à saúde pública mundial e tem o potencial de causar uma nova pandemia.

A Klebsiella pneumoniae é uma bactéria Gram-negativa que normalmente compõe a flora intestinal humana, mas, quando migra para outras regiões do corpo, pode provocar infecções graves, como pneumonia, infecções urinárias, septicemia e infecções em feridas.

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Risco de nova pandemia

Apesar de ser um componente comum do microbioma humano, a Klebsiella pneumoniae torna-se particularmente perigosa em ambientes hospitalares, onde é uma das principais causadoras de infecções adquiridas. O que torna essa cepa especialmente preocupante é sua hipervirulência, capaz de causar doenças graves mesmo em pessoas saudáveis.

A bactéria já foi detectada em vários países, como Argélia, Argentina, Austrália, Camboja, Canadá, China, Estados Unidos, Filipinas, Índia, Irã, Japão, Omã, Papua Nova Guiné, Reino Unido, Suíça e Tailândia. Em 12 desses países, incluindo o Reino Unido, foi identificada uma cepa que evoluiu para uma superbactéria resistente a todos os tratamentos atuais.

Para evitar a disseminação da Klebsiella pneumoniae, especialistas destacam a importância de adotar medidas rigorosas de higiene e controle de infecções nos hospitais. Entre as práticas recomendadas estão a manutenção de uma higiene rigorosa, a aplicação adequada de protocolos de controle de infecções, a realização de diagnósticos rápidos e precisos, o uso consciente de antibióticos, além da implementação de programas de monitoramento e vigilância contínuos.

Superbactérias

O aparecimento de bactérias mais resistentes pode ser compreendido à luz da teoria da seleção natural das espécies, formulada por Charles Darwin. Ao serem expostas aos antibióticos, apenas as bactérias mais robustas conseguem sobreviver e se multiplicar, resultando em gerações progressivamente mais resistentes.

Um microrganismo é considerado multirresistente quando é capaz de resistir a um ou mais antimicrobianos de três ou mais classes diferentes. Essa resistência pode ocorrer devido a mutações que conferem ao microrganismo a capacidade de resistir ao tratamento, ou pela transferência de material genético entre microrganismos comuns e aqueles que já são resistentes.

Projeções

De acordo com a OMS, até 2050, as superbactérias poderão superar o câncer como a principal causa de morte no mundo. Esse cenário, que já era alarmante, foi ainda mais intensificado pelo uso excessivo e inadequado de antibióticos durante a pandemia de covid-19.

Em 2020, as bactérias resistentes a antibióticos causaram cerca de 700.000 mortes por ano, sendo 33.000 na Europa e aproximadamente 4.000 na Espanha, um número que é três vezes superior ao de óbitos por acidentes de trânsito.

As projeções sugerem que, até 2050, o total de mortes pode alcançar 10 milhões globalmente, superando as 8 milhões de mortes anuais atualmente causadas pelo câncer. No entanto, especialistas estimam que, com a tendência atual, esse número pode ser alcançado pelo menos uma década antes do previsto.