Nova teoria tenta explicar como os egípcios construíram as pirâmides do Egito mais antigo

Por muitos anos, os egiptólogos têm discutido intensamente os métodos usados para construir as pirâmides do antigo Egito, com mais de 4 mil anos. Recentemente, uma nova teoria foi apresentada por um grupo de engenheiros e geólogos.

Eles propõem que um sistema de elevação hidráulica pode ter sido empregado para mover as pesadas pedras através do núcleo da pirâmide mais antiga do Egito, utilizando água armazenada como meio de transporte. Um estudo recente publicado na revista PLOS One propõe que métodos anteriores, como rampas, guindastes e alavancas, podem não ter sido adequados para erguer estruturas tão monumentais.

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A Pirâmide de Degraus, erguida para o Faraó Djoser no século 27 a.C., era a construção mais imponente da época, com aproximadamente 62 metros de altura. Apesar de sua grandiosidade, os detalhes sobre como foi construída, especialmente com blocos de até 300 quilos, permanecem obscuros.

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Construção das pirâmides do Egito antigo

Xavier Landreau, principal autor do estudo e CEO da Paleotechnic, um instituto de pesquisa em Paris, ressalta que as investigações anteriores se concentraram principalmente nas pirâmides menores e mais recentes dos Reinos Médio e Novo. No entanto, ele acredita que as imensas pirâmides do Reino Antigo (2675 a 2130 a.C.) exigiriam métodos de construção mais sofisticados e distintos.

O estudo mais recente adota uma perspectiva interdisciplinar e sugere que um sistema de tratamento de água, baseado em recursos locais, poderia ter possibilitado o uso de um elevador hidráulico no eixo vertical da pirâmide. De acordo com essa teoria, flutuadores seriam utilizados para levantar as pesadas pedras.

A equipe de pesquisa examinou dados paleoclimáticos e arqueológicos e sugeriu que a água de riachos antigos fluía do oeste do planalto de Saqqara para um sistema de trincheiras e túneis ao redor da pirâmide. Eles propuseram que essa água poderia ter sido direcionada para o Gisr el-Mudir, uma estrutura que teria funcionado como uma barragem para controlar e armazenar água.

Os autores mencionam pesquisas que mostram que o deserto do Saara recebia mais precipitações regulares há milhares de anos do que atualmente. Judith Bunbury, geoarqueóloga da Universidade de Cambridge, sugere que havia água suficiente naquela época para sustentar um sistema como o elevador hidráulico.

Resistência à nova teoria

No entanto, especialistas questionam se havia chuva suficiente para preencher as estruturas necessárias ao funcionamento do elevador hidráulico. David Jeffreys, egiptólogo da University College London, observa que o período mais úmido do Saara provavelmente terminou no início do terceiro milênio a.C., sugerindo que a quantidade de precipitação disponível na época não seria adequada para suportar o sistema proposto.

Os pesquisadores do estudo admitem que é pouco provável que o sistema estivesse continuamente cheio de água. No entanto, eles acreditam que enchentes ocasionais poderiam ter fornecido a quantidade necessária de água durante a construção. Eles ressaltam que mais investigações são necessárias para precisar a quantidade exata de precipitação que ocorreu naquela época.

Embora a proposta de um elevador hidráulico seja intrigante, há registros adequados que comprovam o uso de tecnologias tradicionais, como andaimes e rampas de tijolos de barro, na construção das estruturas egípcias. No entanto, a falta de evidências concretas sobre um dispositivo de elevação movido a água mantém a teoria em discussão.