Volta do La Niña pode trazer fenômenos climáticos mais extremos

O fenômeno climático La Niña, que está previsto para afetar a América Latina, está gerando preocupações consideráveis devido aos desafios que pode provocar, incluindo furacões e secas intensas. Recentemente, especialistas da Organização Meteorológica Mundial emitiram um alerta em um webinar, destacando os potenciais impactos de La Niña na região.

Esse fenômeno é identificado pelo esfriamento das temperaturas superficiais do oceano no Pacífico equatorial central e oriental, o que tem efeitos significativos no clima global. O resfriamento das águas oceânicas altera a circulação atmosférica, aumentando a umidade do ar em certas áreas da América do Sul e, consequentemente, provocando padrões climáticos diversos em diferentes regiões.

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Apesar da transição para La Niña ser relativamente gradual, projeta-se que nos próximos meses surgirão padrões de precipitação bem distintos em várias regiões do Brasil. As regiões Norte e Nordeste deverão vivenciar chuvas mais fortes, enquanto o Sul do país pode sofrer com a falta de precipitações.

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Efeitos do La Niña

Os efeitos históricos do La Niña na América do Sul foram bastante devastadores. Em várias ocasiões, a região sofreu com secas severas, que impactaram negativamente as atividades agrícolas e econômicas, causando prejuízos significativos.

José Luis Stella, do Centro Climático Regional para o Sul da América do Sul, ressaltou que episódios prolongados de La Niña têm causado impactos graves e frequentemente foram seguidos por transições abruptas para El Niño, o que intensifica ainda mais os problemas climáticos enfrentados pela região.

As previsões atuais indicam que La Niña poderá desencadear novamente padrões climáticos prejudiciais, ameaçando a segurança alimentar e econômica de diversas comunidades na América Latina. Culturas essenciais, como trigo, arroz e milho, estão especialmente suscetíveis aos impactos do fenômeno, o que pode causar consequências severas para os sistemas agrícolas e econômicos da região, já fragilizados por crises recentes, incluindo a pandemia global.

Clima no Brasil

Guilherme Borges, meteorologista do Climatempo, explica que o resfriamento das águas oceânicas, característico do fenômeno La Niña, tende a aumentar a intensidade das chuvas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Por outro lado, nas áreas Centro-Oeste e Sudeste, os efeitos são menos certos, com variações nos níveis de precipitação. No Sul do país, a tendência é de um aumento na aridez, resultando em períodos mais secos.

Borges observou que, geralmente, o primeiro ano do fenômeno apresenta impactos mais moderados, agindo quase como um período de adaptação. Segundo ele, durante esse primeiro ano, os efeitos clássicos de La Niña se manifestam, com chuvas abaixo da média no Sul do Brasil e mais intensas no Norte e Nordeste. Já no segundo ano, a seca tende a se intensificar, especialmente na região Sul.