É por esse motivo que o Brasil não é um dos países que fazem foguetes espaciais

Enquanto outras nações avançam na exploração espacial, o Brasil ainda encontra obstáculos consideráveis para atingir esses marcos, de acordo com especialistas consultados pelo Byte. Buscando lançar um Veículo Lançador de Microssatélite (VLM) em 2024, o país enfrenta desafios técnicos, insuficiência de investimentos e atrasos no progresso da corrida espacial.

Marco Antonio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), ressaltou que um dos principais desafios técnicos do Programa Espacial Brasileiro (PEB) é finalizar o desenvolvimento de um veículo lançador nacional, fundamental para garantir o acesso autônomo do país ao espaço.

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Ele destaca que assegurar um fluxo contínuo nas entregas previstas pelo PEB aumentaria a participação do Brasil na corrida espacial, melhorando a infraestrutura e o desenvolvimento de competências. No entanto, o atual nível de investimento é inadequado para manter um programa espacial competitivo.

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Programa Nacional de Atividades Espaciais

Wandeclayt Melo, fundador do projeto Céu Profundo, aponta que a ausência do PEB como uma política de Estado com recursos garantidos é um fator crucial para o atraso. O atual Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE 2022-2031) contempla cenários de investimento, sendo o mais pessimista um total de R$ 1,2 bilhão, dos quais apenas 3% seriam destinados ao Acesso ao Espaço. O PNAE 2012-2021 previa uma necessidade de R$ 5,75 bilhões, mas acabou recebendo apenas cerca de R$ 2 bilhões.

Chamon ressaltou que, além da falta de investimentos em tecnologia, outra dificuldade é a manutenção das competências adquiridas, com a perda de capacidades nos institutos de pesquisa, na indústria nacional e nas universidades. Rocha-Pinto sublinha que a força de pesquisa no Brasil é fraca, comparando os recursos destinados aos pesquisadores brasileiros com os de grupos de pesquisa em países desenvolvidos.

Limitação para o Brasil

O professor da UFRJ ressalta a ausência de um propósito claro no Programa Espacial Brasileiro e critica o investimento atual como insuficiente para atingir os objetivos. Ele sugere que um setor espacial robusto traz benefícios amplos para a sociedade, incluindo geração de renda, aumento da arrecadação, criação de empregos qualificados e avanço na ciência, tecnologia e inovação.

O melhor cenário do PNAE 2022-2031, chamado Cenário 1000, projeta um investimento de R$ 13,2 bilhões, posicionando o Brasil como líder no mercado espacial sul-americano. No entanto, Chamon destaca que, se a tendência atual persistir, é mais provável que se realize o Cenário 0, em vez do ambicioso Cenário 1000.

Os pesquisadores enfatizam a importância de parcerias internacionais para o progresso do programa espacial brasileiro. Melo destaca o potencial do Centro de Lançamento de Alcântara para lançamentos realizados por empresas nacionais e internacionais.

No entanto, Rocha-Pinto adverte sobre acordos que não envolvem compartilhamento de tecnologia, como as atuais parcerias com os EUA, e sugere interromper esses acordos para que o Brasil possa desenvolver sua própria tecnologia de foguetes de longo alcance.